Dor no pescoço: Alívio e prevenção com Pilates – Guia completo

Dor no pescoço : Alívio e prevenção com Pilates

Você já sentiu aquela fisgada incômoda, uma rigidez que limita seus movimentos ou uma dor persistente na região do pescoço? Se a resposta for sim, saiba que você não está sozinho. A dor no pescoço, tecnicamente conhecida como cervicalgia, é uma das queixas musculoesqueléticas mais comuns na população mundial, afetando uma parcela significativa de indivíduos em algum momento de suas vidas. Seja após um longo dia de trabalho tenso, uma noite mal dormida ou até mesmo pelo uso constante de dispositivos eletrônicos, esse desconforto pode variar de leve a incapacitante, impactando diretamente nossa qualidade de vida, produtividade e bem-estar geral. Compreender as nuances dessa condição, desde suas causas multifatoriais até as abordagens de tratamento e prevenção mais eficazes, é o primeiro passo para encontrar alívio e retomar o controle sobre sua saúde cervical. Neste artigo completo, mergulharemos fundo no universo da dor no pescoço, explorando sua anatomia, os gatilhos mais frequentes, os sintomas associados, as opções terapêuticas disponíveis – com destaque para a fisioterapia e o método Pilates – e, crucialmente, as estratégias preventivas que você pode adotar hoje mesmo para proteger essa região vital do seu corpo.

Entendendo a dor no pescoço (Cervicalgia)

Antes de explorarmos as soluções, é fundamental compreendermos o que exatamente é a dor no pescoço e por que essa região é tão suscetível a problemas. A cervicalgia não é uma doença em si, mas sim um sintoma que pode ter diversas origens, refletindo um desequilíbrio ou lesão nas complexas estruturas que compõem a coluna cervical.

O que é a dor no pescoço?

A dor no pescoço, ou cervicalgia, é definida como qualquer dor ou desconforto percebido na região posterior do pescoço, compreendida entre a base do crânio e a parte superior das costas (região torácica alta). Essa dor pode ser aguda, surgindo repentinamente e durando pouco tempo (dias ou semanas), geralmente associada a um trauma leve, como um “mal jeito” ou tensão muscular súbita, ou crônica, persistindo por mais de três meses, muitas vezes com causas mais complexas e impacto mais significativo na rotina do indivíduo. A dor pode ser localizada apenas no pescoço ou irradiar para outras áreas, como ombros, braços, mãos e até mesmo a cabeça, manifestando-se como rigidez, pontadas, queimação ou sensação de peso.

Anatomia da região cervical: Por que ela é tão vulnerável?

A coluna cervical, a porção mais alta da nossa coluna vertebral, é uma maravilha da engenharia biomecânica, composta por sete vértebras (C1 a C7) que se articulam entre si. Essas vértebras são menores e mais móveis que as de outras regiões da coluna, permitindo uma ampla gama de movimentos da cabeça – essencial para nossa interação com o ambiente. Entre as vértebras, encontramos os discos intervertebrais, estruturas cartilaginosas que funcionam como amortecedores, absorvendo impactos e permitindo a flexibilidade. Músculos fortes e ligamentos resistentes envolvem essa estrutura óssea, proporcionando suporte e controle dos movimentos. Além disso, nervos importantes, que se originam na medula espinhal e se ramificam para os braços e outras partes do corpo, passam através de forames (aberturas) nas vértebras cervicais. Essa combinação de grande mobilidade, a necessidade de sustentar o peso da cabeça (que pode chegar a 5-8 kg em um adulto) e a presença de estruturas neurológicas delicadas torna a coluna cervical particularmente vulnerável a lesões, desgastes e tensões, explicando a alta incidência de dor nessa região.

Prevalência e impacto na qualidade de vida

Estudos epidemiológicos confirmam a alta prevalência da dor no pescoço. Estima-se que até 70% da população mundial experimentará dor cervical em algum momento da vida, com uma prevalência anual variando entre 15% e 50%. Embora muitas vezes seja autolimitada, uma parcela significativa dos casos evolui para cronicidade, com recorrências frequentes. A dor no pescoço crônica pode ter um impacto devastador na qualidade de vida, levando a limitações funcionais significativas, dificuldades para realizar atividades diárias simples (como dirigir, trabalhar no computador ou até mesmo dormir), absenteísmo no trabalho, isolamento social, ansiedade e depressão. O custo socioeconômico associado à cervicalgia também é considerável, envolvendo gastos com tratamentos médicos, fisioterapia, medicamentos e perda de produtividade. Portanto, abordar a dor no pescoço de forma eficaz não é apenas uma questão de alívio sintomático, mas também de restaurar a funcionalidade e o bem-estar geral do indivíduo.

Principais causas da dor no pescoço

A dor no pescoço raramente tem uma única causa isolada. Na maioria das vezes, é o resultado de uma combinação de fatores que sobrecarregam ou lesionam as estruturas cervicais. Identificar esses gatilhos é crucial para um tratamento direcionado e para a implementação de estratégias preventivas eficazes.

Tensão muscular e estresse: Vilões do dia a dia

Uma das causas mais comuns de dor cervical aguda e crônica é a tensão muscular excessiva. O estresse físico e emocional do cotidiano leva, muitas vezes de forma inconsciente, à contração prolongada dos músculos do pescoço e dos ombros (especialmente o trapézio superior e os músculos suboccipitais). Essa tensão constante dificulta a circulação sanguínea local, acumula subprodutos metabólicos (como ácido lático) e pode levar à formação de pontos-gatilho miofasciais – nódulos dolorosos nos músculos que podem referir dor para outras áreas, incluindo a cabeça. O bruxismo (ranger os dentes, especialmente durante o sono) e a disfunção da articulação temporomandibular (ATM) também podem contribuir significativamente para a tensão muscular na região cervical e facial, exacerbando a dor no pescoço.

Má Postura: No trabalho, em casa e no uso de eletrônicos

A postura que adotamos em nossas atividades diárias tem um impacto direto na saúde da nossa coluna cervical. Passar longas horas sentado em frente ao computador com a tela mal posicionada, curvar-se sobre o celular ou tablet por períodos prolongados (o chamado “text neck”), ler na cama com travesseiros inadequados ou até mesmo dormir em posições que forçam o pescoço são hábitos extremamente comuns na sociedade moderna e grandes contribuintes para a dor cervical. Essas posturas inadequadas aumentam a carga sobre as vértebras e discos intervertebrais, sobrecarregam certos grupos musculares enquanto enfraquecem outros, e podem levar a desalinhamentos posturais crônicos, como a anteriorização da cabeça (cabeça projetada para frente) e a cifose torácica aumentada (corcunda). A falta de ergonomia no ambiente de trabalho ou estudo, com cadeiras, mesas e monitores mal ajustados, agrava ainda mais esse quadro, tornando a má postura um fator de risco significativo e persistente para a cervicalgia.

Lesões e Traumas: Acidentes e “mal jeito”

Lesões agudas na região cervical também são causas frequentes de dor. O exemplo mais conhecido é a lesão em chicote (whiplash), comum em acidentes automobilísticos (especialmente colisões traseiras), onde a cabeça é subitamente jogada para frente e para trás, causando estiramento ou ruptura de ligamentos e músculos cervicais. Quedas, pancadas diretas na cabeça ou pescoço, e lesões esportivas também podem resultar em danos às estruturas cervicais. Além desses traumas mais evidentes, movimentos bruscos e inesperados, ou mesmo um simples “mal jeito” ao levantar um peso, virar a cabeça rapidamente ou dormir em posição inadequada, podem causar estiramentos musculares (distensões) ou ligamentares (entorses), resultando em dor aguda e limitação de movimento, conhecida popularmente como torcicolo.

Hérnia de disco cervical

Entre as vértebras cervicais, temos os discos intervertebrais, que possuem um núcleo gelatinoso (núcleo pulposo) envolto por um anel fibroso resistente. Com o envelhecimento, desgaste ou devido a traumas, o anel fibroso pode se romper ou enfraquecer, permitindo que o núcleo pulposo se projete para fora – isso é a hérnia de disco. Quando essa hérnia comprime ou irrita uma raiz nervosa adjacente na coluna cervical, pode causar dor intensa no pescoço que frequentemente irradia para o ombro, braço e mão, muitas vezes acompanhada de formigamento, dormência ou fraqueza muscular no membro afetado. A dor da hérnia de disco cervical costuma piorar com certos movimentos do pescoço.

Artrose (Espondilose Cervical) e desgaste

A artrose, também conhecida como osteoartrite ou, especificamente na coluna, espondilose, é um processo degenerativo natural que afeta as articulações com o envelhecimento. Na coluna cervical, a espondilose envolve o desgaste progressivo dos discos intervertebrais (que perdem altura e capacidade de amortecimento) e das articulações facetárias (pequenas articulações entre as vértebras). Esse desgaste pode levar à formação de osteófitos (bicos de papagaio), que são crescimentos ósseos anormais que podem estreitar os espaços por onde passam os nervos (estenose foraminal) ou a medula espinhal (estenose do canal vertebral), causando dor, rigidez e, em casos mais avançados, sintomas neurológicos. A dor da artrose cervical costuma ser crônica, piora com o movimento e melhora com o repouso.

Outras Causas: Inflamações, infecções, bruxismo, ATM, etc.

Embora menos comuns, outras condições podem causar dor no pescoço. Doenças inflamatórias sistêmicas, como a artrite reumatoide ou a espondilite anquilosante, podem afetar as articulações cervicais. Infecções na coluna (espondilodiscite) ou tecidos adjacentes (como meningite ou abscessos) podem causar dor intensa e requerem atenção médica urgente. Tumores, embora raros, também podem se desenvolver na coluna cervical ou estruturas próximas, comprimindo nervos ou a medula. Como mencionado anteriormente, o bruxismo e a disfunção da ATM estão frequentemente associados à dor cervical devido à tensão muscular referida. É importante considerar essas causas menos frequentes, especialmente se a dor for persistente, progressiva ou acompanhada de sintomas sistêmicos como febre, perda de peso inexplicada ou alterações neurológicas graves.

Sintomas associados à dor no pescoço

A dor no pescoço raramente se manifesta isoladamente. Frequentemente, ela vem acompanhada de outros sintomas que podem variar dependendo da causa subjacente e das estruturas afetadas. Reconhecer esses sintomas associados é importante tanto para o diagnóstico quanto para a compreensão da extensão do problema.

Dor localizada e rigidez

O sintoma mais óbvio é a própria dor na região cervical, que pode ser descrita como uma dor surda, latejante, em pontada ou como uma sensação de peso. Juntamente com a dor, a rigidez muscular é extremamente comum. Os músculos do pescoço ficam tensos e contraídos, dificultando ou tornando doloroso mover a cabeça, especialmente em movimentos de rotação (olhar para os lados) ou inclinação lateral (levar a orelha em direção ao ombro). Essa rigidez costuma ser pior pela manhã ao acordar ou após longos períodos na mesma posição.

Dores irradiadas: Ombros, braços e cabeça (cefaleia tensional)

Dependendo da causa, a dor cervical pode não se limitar ao pescoço. É muito comum que a dor irradie para os ombros (especialmente a região do trapézio), para a parte superior das costas (região interescapular) ou desça pelos braços, podendo chegar até as mãos. Essa irradiação ocorre frequentemente quando há compressão ou irritação de raízes nervosas cervicais (como na hérnia de disco ou artrose com formação de osteófitos). Além disso, a tensão muscular excessiva no pescoço, particularmente nos músculos suboccipitais (na base do crânio), é uma causa frequente de cefaleia tensional, uma dor de cabeça que geralmente começa na nuca e se espalha para as têmporas, testa ou topo da cabeça, muitas vezes descrita como uma sensação de pressão ou aperto.

Limitação de movimento

A dor e a rigidez muscular invariavelmente levam a uma redução na amplitude de movimento da coluna cervical. Virar a cabeça para olhar para trás ao dirigir, inclinar a cabeça para atender ao telefone ou simplesmente realizar movimentos rotineiros pode se tornar difícil e doloroso. Essa limitação de movimento não só afeta as atividades diárias, mas também pode contribuir para a perpetuação do ciclo de dor, pois a falta de movimento pode levar a mais rigidez e fraqueza muscular a longo prazo.

Formigamento, dormência e fraqueza nos braços

Quando uma raiz nervosa cervical está comprimida ou irritada (radiculopatia cervical), além da dor irradiada, podem surgir sintomas neurológicos nos membros superiores. O paciente pode sentir formigamento (parestesia), sensação de agulhadas, dormência ou perda de sensibilidade em áreas específicas do ombro, braço ou mão, seguindo o trajeto do nervo afetado. Em casos de compressão mais significativa ou prolongada, pode ocorrer também fraqueza muscular, dificultando tarefas como segurar objetos, abotoar uma camisa ou levantar o braço. A presença desses sintomas neurológicos geralmente indica um problema mais sério que requer avaliação médica detalhada.

Tontura e alterações visuais (menos comuns)

Embora menos frequentes, algumas pessoas com dor cervical crônica podem relatar episódios de tontura (vertigem cervicogênica) ou alterações visuais, como visão turva ou dificuldade de foco. Acredita-se que isso possa ocorrer devido à alteração das informações sensoriais que os receptores no pescoço enviam ao cérebro sobre a posição da cabeça, ou, em casos mais raros, por compressão de artérias vertebrais que passam pela coluna cervical. Esses sintomas, quando presentes, exigem uma investigação cuidadosa para descartar outras causas potenciais de tontura ou problemas visuais.

Avaliando a dor no pescoço: Sinais de alerta e processo diagnóstico

É fundamental procurar avaliação profissional para dor no pescoço, particularmente se for intensa, persistente, recorrente ou acompanhada de sintomas neurológicos, pois ignorá-la pode agravar a condição. Sinais de alerta que exigem atenção médica ou fisioterapêutica imediata incluem dor severa que não cede, dor após trauma, irradiação para braços ou pernas, formigamento, dormência, fraqueza, febre, calafrios, perda de peso inexplicada, ou alterações no controle de bexiga/intestino (emergência médica). Mesmo dores que persistem por semanas ou impactam significativamente as atividades diárias justificam uma consulta para diagnóstico e tratamento adequados.

O processo diagnóstico inicia-se com uma avaliação clínica detalhada, que envolve a coleta do histórico do paciente (anamnese) sobre as características da dor, fatores associados e hábitos de vida, seguida por um exame físico minucioso. Este exame inclui palpação muscular, avaliação da amplitude de movimento cervical, testes neurológicos (força, reflexos, sensibilidade) e avaliação postural. Exames de imagem, como Raio-X, Ressonância Magnética ou Tomografia Computadorizada, não são rotineiramente necessários para todas as dores no pescoço, sendo reservados para casos com suspeita de lesões estruturais graves (hérnia de disco, fraturas, etc.) ou quando a dor não responde ao tratamento conservador inicial. É crucial que os achados de imagem sejam sempre interpretados em conjunto com a avaliação clínica do paciente.

Pilates como ferramenta terapêutica

O método Pilates tem ganhado destaque como uma ferramenta terapêutica eficaz no tratamento e prevenção da dor no pescoço, complementando a abordagem fisioterapêutica tradicional. Seus princípios de controle, concentração, centro de força (core), precisão, respiração e fluidez de movimento o tornam particularmente benéfico para a saúde da coluna.

Benefícios do Pilates para a coluna cervical

O Pilates trabalha o corpo de forma integrada, focando no fortalecimento do “Power House” (músculos profundos do abdômen, lombar e pelve), que serve como base de sustentação para toda a coluna, incluindo a cervical. Ao fortalecer o core, reduz-se a sobrecarga compensatória nos músculos do pescoço. O método enfatiza o alinhamento postural, a consciência corporal e o controle dos movimentos, ajudando a corrigir desequilíbrios musculares e padrões posturais inadequados que contribuem para a dor cervical. Além disso, a respiração coordenada com os movimentos promove relaxamento e melhora a oxigenação dos tecidos.

Fortalecimento dos músculos profundos do pescoço e core

Exercícios específicos de Pilates visam fortalecer os músculos estabilizadores profundos do pescoço, que muitas vezes estão enfraquecidos em pessoas com dor cervical crônica. O fortalecimento do core, como mencionado, é outro pilar do método, criando um suporte central robusto que alivia a tensão na região cervical. Esse fortalecimento é realizado de forma controlada e progressiva, respeitando os limites de cada indivíduo.

Melhora da flexibilidade, mobilidade e consciência corporal

O Pilates combina fortalecimento com alongamento e mobilidade, promovendo um equilíbrio muscular saudável. Exercícios de mobilidade para a coluna torácica e cintura escapular ajudam a liberar tensões que frequentemente se refletem no pescoço. O método também desenvolve a propriocepção (consciência da posição do corpo no espaço) e a cinestesia (consciência do movimento), permitindo que o praticante reconheça e corrija padrões de movimento inadequados no dia a dia.

Exercícios específicos de Pilates para dor cervical (com exemplos e cuidados)

Existem diversos exercícios de Pilates que podem ser adaptados para pacientes com dor cervical, sempre sob a supervisão de um instrutor qualificado. Exemplos incluem: mobilizações suaves da cervical (como “sim” e “não” controlados), ativação dos flexores profundos (chin tucks), mobilização da coluna torácica (Cat Stretch, Swan Prep), estabilização escapular (remadas com molas leves, Scapular Isolation) e fortalecimento do core (Leg Circles, Hundred modificado). É crucial que os exercícios sejam realizados com controle, sem dor, e com as devidas modificações para cada caso. Evitar hiperextensão cervical, movimentos bruscos e sobrecarga excessiva é fundamental.

Prevenção: Como evitar a dor no pescoço

Embora nem sempre seja possível evitar completamente a dor no pescoço, especialmente aquela decorrente de acidentes ou condições degenerativas, adotar hábitos saudáveis e conscientes no dia a dia pode reduzir significativamente o risco de desenvolver cervicalgia ou diminuir a frequência e intensidade das crises. A prevenção é a chave para manter a saúde da sua coluna cervical a longo prazo.

Mantenha uma boa postura em todas as atividades

A conscientização postural é fundamental. Procure manter a cabeça alinhada sobre os ombros, evitando projetá-la para frente ou incliná-la excessivamente para baixo. Ao sentar, mantenha as costas apoiadas no encosto da cadeira, os pés apoiados no chão e os ombros relaxados. Ao ficar em pé, distribua o peso igualmente entre os pés, mantenha o abdômen levemente contraído e os ombros para trás e para baixo. Evite carregar bolsas pesadas sempre do mesmo lado; prefira mochilas com alças largas e distribua o peso.

Ergonomia no ambiente de trabalho e estudo

Se você passa muitas horas trabalhando ou estudando em frente a um computador, a ergonomia do seu posto é crucial. Ajuste a altura da cadeira para que seus pés fiquem apoiados no chão e seus joelhos formem um ângulo de 90 graus. O monitor deve estar posicionado diretamente à sua frente, com o topo da tela na altura dos olhos ou ligeiramente abaixo, para que você não precise inclinar a cabeça para cima ou para baixo. Utilize um suporte para documentos, se necessário, para evitar torcer o pescoço constantemente. O teclado e o mouse devem estar posicionados de forma que seus cotovelos fiquem dobrados a 90 graus e seus punhos retos.

Pausas regulares e movimentação

Evite permanecer na mesma posição por períodos prolongados. Faça pausas curtas a cada 30-60 minutos para se levantar, caminhar um pouco e realizar alguns movimentos suaves com o pescoço e os ombros (como rotações lentas, inclinações laterais e círculos com os ombros). Essa movimentação ajuda a aliviar a tensão muscular, melhora a circulação e lubrifica as articulações.

Gerenciamento do estresse

Como o estresse é um grande contribuinte para a tensão muscular cervical, encontrar formas saudáveis de gerenciá-lo é importante. Técnicas de relaxamento, como respiração profunda, meditação, mindfulness ou yoga, podem ajudar a reduzir a tensão geral do corpo. Praticar hobbies, passar tempo com amigos e familiares, e garantir um sono reparador também são estratégias eficazes para combater os efeitos negativos do estresse.

Prática regular de exercícios físicos (com foco em fortalecimento e flexibilidade)

Manter-se fisicamente ativo é essencial para a saúde da coluna. Inclua em sua rotina exercícios que fortaleçam os músculos do core (abdominais, lombares, glúteos) e da cintura escapular, pois eles dão suporte à coluna cervical. Exercícios de flexibilidade e mobilidade para o pescoço, ombros e coluna torácica também são importantes para manter a amplitude de movimento e prevenir a rigidez. Atividades como Pilates, natação e caminhada são geralmente benéficas. Consulte um profissional para orientações sobre os exercícios mais adequados para você.

Cuidados ao dormir: Colchão e travesseiro adequados

A posição em que dormimos e a qualidade do colchão e do travesseiro podem influenciar significativamente a dor no pescoço. Evite dormir de bruços, pois essa posição força a rotação da coluna cervical. As posições ideais são de lado ou de barriga para cima. Utilize um travesseiro que preencha o espaço entre a cabeça e o ombro (ao dormir de lado) ou que apoie a curvatura natural do pescoço (ao dormir de barriga para cima), mantendo a coluna alinhada. O colchão deve oferecer suporte adequado, nem muito mole nem muito duro.

Uso consciente de celulares e tablets

O “text neck” é um problema crescente. Ao usar dispositivos móveis, procure elevar o aparelho até a altura dos olhos, em vez de curvar a cabeça para baixo. Faça pausas frequentes e limite o tempo de uso contínuo. Considere utilizar suportes para tablets ou celulares para manter uma postura mais neutra.

Perguntas Frequentes sobre Dor no Pescoço

O que fazer para aliviar a dor no pescoço imediatamente?

Para alívio rápido, tente aplicar calor (bolsa térmica) ou frio (bolsa de gelo) por 15-20 minutos. Realize alongamentos suaves e lentos, como inclinar a cabeça para os lados e girá-la devagar. Evite movimentos bruscos e, se a dor for intensa, considere um analgésico de venda livre (consulte um farmacêutico ou médico).

Qual o melhor travesseiro para quem tem dor no pescoço?

Não existe um travesseiro universalmente “melhor”, mas ele deve manter sua coluna cervical alinhada com o resto da coluna. Travesseiros de espuma viscoelástica (memória) ou látex, com contorno cervical, costumam ser boas opções. A altura ideal depende da posição em que você dorme e da distância entre seu ombro e pescoço.

Dor no pescoço pode ser sinal de algo grave?

Na maioria das vezes, a dor no pescoço é benigna (muscular ou postural). No entanto, se acompanhada de febre, perda de peso, dor noturna intensa, fraqueza ou dormência progressiva nos braços, ou alterações no controle da bexiga/intestino, pode indicar algo mais sério (infecção, tumor, compressão medular) e requer avaliação médica urgente.

Quanto tempo dura uma crise de dor no pescoço?

Uma crise aguda de dor no pescoço, como um torcicolo, geralmente melhora em poucos dias a uma ou duas semanas com autocuidados e/ou tratamento conservador. Dores crônicas podem persistir por meses ou anos, com períodos de melhora e piora, exigindo um manejo contínuo e abordagem multidisciplinar.

O Pilates é seguro para todos com dor no pescoço?

O Pilates, quando adaptado e supervisionado por um instrutor qualificado, é geralmente seguro e benéfico para a maioria das pessoas com dor no pescoço. No entanto, é crucial uma avaliação inicial para identificar contraindicações e adaptar os exercícios. Em casos de instabilidade cervical, lesões agudas graves ou certas condições médicas, o Pilates pode precisar ser modificado ou evitado.

Cuidando da sua cervical para uma vida sem dor

A dor no pescoço, uma condição comum com causas variadas como tensão, má postura e lesões, pode impactar significativamente a qualidade de vida, mas felizmente, a maioria dos casos responde bem a tratamentos conservadores, especialmente a fisioterapia e métodos como Pilates, que aliviam a dor e restauram a função através de exercícios e correção postural. No entanto, a prevenção é crucial, envolvendo hábitos posturais saudáveis, ergonomia, pausas, gerenciamento de estresse e atividade física. Não ignore a dor persistente ou sinais de alerta; buscar avaliação profissional é essencial para um diagnóstico correto e um plano de tratamento que permita retomar suas atividades com bem-estar e sem limitações.

Referências:

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  • Soares, J. S., et al. (2012).

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Sobre a autora

Renata Souza e Silva CREF019578-G/MG
Profissional de Educação Física (Licenciatura e Bacharel).Pós-Graduada em Fisiologia do Exercício e Treinamento Desportivo.Pós-Graduada em Biomecânica, musculação e reabilitação musculoesquelética.Proprietária e instrutora de Studio de Pilates.Atua há mais de 20 anos com treino, reabilitação e promoção da saúde e bem-estar.

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